Brincadeiras do destino.


Comecei a me sentir mais feliz, a partir do dia que finalmente acredite no grande clichê “toda pessoa entra na nossa vida por um motivo”. É tudo armação do destino. E só comecei a ser mais feliz, porque comecei a perceber que devo dar valor a cada nova pessoa que cruza o meu caminho, e me divirto tentando descobrir qual será o aprendizado que ela me trará e a sua importância na minha vida. Pode ser muito ou pode ser pouco, mas será.
                Alguém que você conhece aleatoriamente pode ser mais um, pode ser o amor da sua vida, mas o que importa que seus caminhos não se cruzaram sem motivo. Seja esse motivo um número a mais em uma lista boba ou para sumir com qualquer solidão da vida. Tanto um modo como outro são importantes, são fatos da vida.

O poder de um segundo



            Hoje, vagando pela internet, lembrei de uma menina que fez parte da minha infância, menina alegre e bonita, considerada por unanimidade entre os meninos da 4ª série como a mais linda da escola. Muito tempo fiquei sem ter notícias dessa menina, quando por meio de cliques na época do orkut e amigos em comum, descubro que essa menina sofreu um acidente, que está entre a vida e a morte. Fiquei chocada com a notícia, e mais chocada ainda com minha situação, esse meu jeito de tomar a dor do mundo me pedia para ir vê-la, mas a timidez por ser aquela que estudou com a menina há anos atrás e que podia não ser lembrada não permitiu. Passei muito tempo preocupada com ela, perguntando ao nosso amigo em comum como ela estava. E ela estava lá, em uma cama de hospital que ocultava toda aquela sua beleza e alegria. Quem diria.
            Passaram-se quase dois anos, e hoje nessa tarde de domingo, me veio a enorme preocupação   de saber como ela estava. Procurei e encontrei o perfil dela na rede social, e me veio um enorme conforto em saber que ela já havia saído daquele hospital horrível, já estava retornando ao colégio, que está viva. Em compensação, me veio um choque enorme ao ver aquela menina tão diferente nas fotos, com certas sequelas aparentes, aparentando tentar sem quem era antes, mas sem conseguir. Meu coração fez um nó. Fechei a página dela, não fiz contato algum, uma pessoa em recuperação não precisa de uma ex-colega chata querendo puxar assunto, não é mesmo? Mas soube de tudo o que eu queria. Sou que ela estava viva.
            Ela provavelmente nem se lembrará de mim, não saberá que me lembrei dela, e muito menos lerá esse texto, mas essa história dela marcou demais pra mim, e me fez questionar muitos fatos sobre a vida. Imagine só, alguns segundos que causaram um acidente, transformou a vida dela, a vida de todos que a cercam. Sim, um segundo é muito tempo, esse piscar de olhos pode transformar vidas. Por isso eu digo que não adianta pensar tanto no futuro, viver pensando em como viver mais, sendo que um segundo pode transformar tudo isso. É óbvio, devemos ter certos planos, afinal temos que guiar a vida como se a morte não existisse, e se morrer, deixar aqui a missão de dever cumprido. E particularmente para mim, essa missão é cada sorriso que eu conquistei, cada lembrança que ficará na memória de quem passou por mim, cada ato digno de orgulho, cada dor de barriga de tanto rir que tive, cada história épica que parece até mentira para quem não viveu. Enfim, cada segundo de alegria vale esse segundo que a vida pode acabar.
            E assim, encerro esse texto talvez sem nexo, talvez ridículo para quem leia, mas de grande sentimento de minha parte. Esse texto que não foi escrito com preocupações gramaticais, que foi escrito em um só suspiro, assim, em alguns segundos.

A volta ao ninho

          Pois então meus queridos, eu voltarei. Não sei ao certo o dia, nem o mês, mas eu voltarei. Sim, é claro que estou feliz, implorei para ter novamente tudo aquilo que me foi tirado, não é mesmo? A questão é que justo agora que eu voltarei, estava me acostumando com as mudanças, e já agradecia a vida por todo meu amadurecimento e os giros do mundo. Pois é, justo agora! Por isso estou com essa sensação de que Deus escuta meus pedidos com certo atraso, pois o que eu lhe pedi à um ano atrás, foi me dado só agora. E agora tenho medo que todas minhas preces sejam ouvidas com um atraso de tempo que faça jus a minha troca de pedidos. Talvez agora seja claro entender porque estou com tanto medo de falar com Deus, e agora só lhe agradeço o que me tem dado e peço que guie meus passos. Nada mais. Estou com receio de pedir e ser ouvida... tarde demais.
          Não estou reclamando, não me entenda mal, só estou questionando porque a vida é assim, tão errada no tempo, tão ao contrário do que eu espero. Quem sabe um dia eu aprendo e vou vivendo sem esperar nada, sem planos, sem pressa, sem expectativa de futuro. Um dia ainda vou viver pelo simples fato de estar viva e livre. Um dia eu serei livre. 
          Neste momento só peço que me esperem de braços abertos, me esperem com carinho, me esperem com a força que eu preciso. Só peço que me esperem.
"Quando acordei esta manhã no quarto úmido e escuro, ouvindo o tamborilar da chuva por todos os lados, tive a impressão de que havia sarado. Estava curada das palpitações no coração que me atormentaram nos últimos dois dias, praticamente impedindo que eu lesse, pensasse ou mesmo levasse a mão ao peito. Um pássaro alucinado se debatia lá dentro, preso na gaiola de osso, disposto a rompê-lo e sair, sacudindo meu corpo inteiro a cada tentativa. Senti vontade de golpear meu coração, arrancá-lo para deter aquela pulsação ridícula que parecia querer saltar do meu coração e sair pelo mundo, seguindo seu próprio rumo. Deitada, com a mão entre os seios, alegrei-me por acordar e sentir a batida tranquila, ritmada e quase imperceptível de meu coração em repouso. Levantei-me, esperando a cada momento ser novamente atormentada, mas isso não ocorreu. Desde que acordei estou em paz."

Sylvia Plath



Me escute doutor

Doutor, aumenta essa dosagem, por favor! Já passei pela fase da alegria extrema, da alegria simples, da alegria disfarçada, e agora já não estou conseguindo fingir que estou bem. Por isso, peço que mais uma vez aumente minhas doses. Na verdade, não quero mais medicamentos doutor, só quero que o senhor me cure, é para isso que eu venho aqui, não é mesmo?
Quero voltar a rir do nada, assim como estive a um tempo atrás. Quero voltar a não ter medo nem vergonha de qualquer ato que eu julgue certo. Não quero aquele medo novamente, aquelas dúvidas constantes. Por isso doutor, peço mais uma vez que me cure.
É complicado explicar meus atos, e disfarçar atitudes que são confundidas com bipolaridade. Ninguém entende, ninguém é obrigado a entender. E eu já estou cansada disso. Me desculpe, mas não aguento mais ver a sua cara, quero me livrar logo de você e desse ambiente, de todo esse olhar de piedade quando falo porque estou aqui. O mais difícil de aceitar é que não vejo previsão pra me livrar dessa situação, quando penso que tudo está acabando, me sinto mal novamente. Não aguento mais.
Mas tudo bem, vou ouvir os conselhos do meu pai – afinal, ele sempre tem razão – vou ser otimista, vou acreditar que um dia vou me livrar de você e dos meus medicamentos. É isso mesmo doutor, aguarde e verá e vou me livrar de toda essa droga. Mas enquanto isso doutor, aumente a minha dose e me faça feliz.

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."


Fernando Pessoa

As estações e seus amores



E está aberta a temporada da carência. Pessoas enlouquecidas atrás de qualquer paixão, qualquer caso que ajude a esquentar os pés entre as cobertas. Nessa temporada não busca-se, necessariamente, um amor. Afinal, hoje em dia não é preciso amar para falar que ama, nem ao menos gostar para namorar. O essencial é ter alguém para falar que é seu e te esquentar no inverno. Mas o importante é que essas relações duram... Até o verão chegar.
Talvez seja por isso que eu acredito mais nos amores de verão. Considero até aquelas paixões de temporada de praia mais verdadeiras. Afinal, nos dias quentes ninguém é carente, ninguém sente a necessidade enlouquecida de ter alguém ao seu lado. Amar no verão é abrir mão de estar livre, é querer prender-se ao um único alguém, mesmo tendo possibilidade de ter outras várias opções. Enfim, amar em dias quentes nada mais é do que simplesmente querer estar perto da pessoa, por querer estar com ela, não apenas por não querer estar sozinho. Amar no verão é amar a pessoa, não somente a situação.
Não posso terminar sem dizer que também admiro amores que começam no inverno, mas somente aqueles que duram até o verão. Amores que começam em dias frios e prolongam-se até as tardes ensolaradas de dezembro. Amores que completam o ciclo das estações e que repetem-se, do inverno ao verão.

Incógnitas do viver


Tenho divago muito sobre o sentido da vida nas últimas semanas, mais do que sempre fiz, e não consigo expressar uma conclusão sobre todas as minhas teorias, porque a vida é simplesmente complicada, cheia de sentidos sem razão, de tristes alegrias, de derrotas vitoriosas. E em todas as minhas teorias, só consigo chegar a questões que as pessoas desconsideram, por receio de contrariar certos paradigmas.
Por isso chego as minhas principais perguntas: Até que ponto vale cuidar-se para viver mais, tendo que privar-se de coisas que se tem vontade de fazer? Até que ponto vale preocupar-se com a aparência para agradar pessoas que só querem saber do exterior? Até que ponto vale reprimir a vontade de gritar e dançar no meio da rua, só para não parecer louco e adequar-se a sociedade? Até que ponto vale pensar para viver? E até que ponto vale viver sem pensar?
A vida é um negócio complicado, parece ser difícil de entender, mas é fácil, as pessoas que complicam. Todo mundo espera mais. Todo mundo espera viver mais. As vezes, viver mais é viver em vão, não são precisos cem anos de vida para dizer que aproveitou a vida, muitos vivem mais em vinte anos do que outros em cem. Por isso digo que a vida é complicada, não se pode considera-la por tempo cronológico, porque o tempo não diz nada, prender-se ao tempo é bobagem, é deixar de viver.
Eu por exemplo, as vezes sinto que não terei muitos anos a se viver, por isso decidi viver sem vergonha do mundo, sem pensar direito. Quem me conhece sabe que vivo fazendo coisas sem sentido e diminuindo o que chamam de moral, perante aos padrões da sociedade, mas quem disse que eu ligo? Eu ligo em ser triste, em estar deprimida, em me recuperar das surras que a vida já me deu, isso sim é algo a se preocupar.  Porque do resto... ah, o resto não importa, só vivo em busca da felicidade que é o único bem realmente útil nessa vida louca cheia de curvas. Por isso hoje eu digo, talvez eu nem queria viver muitos anos, mas eu quero viver muito!
Viver é um verbo cheio de redundâncias, por que afinal, o que é viver? Muitos têm vida, mas não vivem. Viver é um estado de espírito, é fazer com que o mundo te veja, é fazer a diferença as pessoas, é ter a vida para si e não depender de ninguém, é não ter vergonha de ser quem é nem do que faz... Viver é ser feliz e ter orgulho disso. Viver é não ter medo da vida.

Os dias de verão estão passando?


          Demorei para te escrever porque estava evitando falar sobre meu atual estado. Não meu bem, não estou naquele estado deplorável de antes, porém não estou naquele estado de êxtase que tive em um tempo atrás. Acontece que alguns dias são mais fáceis que os outros, eu sei, a vida é sempre assim, mas nesse estágio de transição que estou isso parece muito. Apesar de tudo, até que vou indo bem, tento não demonstrar essas angústias que estão voltando, ninguém percebe como estou, porque você sabe, agora novamente consigo fingir que estou bem mesmo sem estar. O problema são as horas que eu não consigo fingir, como agora que estou te escrevendo com esse nó na garganta, que talvez não tenha motivo, com a feição caída de quem dorme o dia inteiro sem conseguir descansar.
Sim admito, a angústia e o medo voltaram a me rondar, esse desespero sem razão que tanto me assombrou está por aqui novamente, mas ainda consigo controlar e fingir que nada está acontecendo, e tenho fé de continuar assim, como já fiz uma vez. Minha maior esperança é que isso suma para sempre, para nunca mais me aterrorizar. E é obvio meu bem, já falei tudo isso para aquele doutor estranho, ele me disse que isso não deveria estar acontecendo, mas me disse que eu encontrarei o equilíbrio, até já troquei a minha dose de felicidade. Ah, se não fosse essas minhas doses de felicidade, não sei o que seria de mim. Porém, tenho que confessar que tenho medo de ficar dependente delas por muito tempo e não conseguir mais viver sem elas. Mas essa é minha vida nestes últimos meses e não tenho o que fazer, só me restando seguir com esperança.
                Encerro te dizendo para não se preocupar comigo, irei ficar bem, porque eu estou fazendo de tudo para isso. Já me convenci que não vai ser tão fácil quanto nas primeiras semanas, mas para que pressa? Não tenho pressa, sou calma como a brisa leve, tenho tempo para voar por aí, posso demorar pra chegar no meu destino e ser feliz do mesmo jeito. Eu sou assim, tenho que ser assim
                Enfim, um grande beijo daquela que te escreve sempre sem se preocupar com concordância ou interpretação, somente pensa em relatar os fatos de quem precisa desabafar e tem a certeza que um dia poderá ajudar alguém entender certas dúvidas e medos.

Escala de cinza


Acordou cedo mesmo sem obrigação, era raro, abriu a janela e viu aquele céu nostálgico, cinza e chuvoso, completamente sem vida. Obviamente que em um dia desses, ela iria lembrar-se de um certo sorriso, de certas conversas, de alguns abraços. É obvio que ela alternaria lembranças entre risadas e choro. É obvio que ela pensaria em reviver alguns momentos ou desejar que eles ainda fizessem parte de seu presente. Ela era assim. Ela odiava ser assim, mas não conseguia mudar.
Deitou novamente e olhou para aquelas paredes brancas, que pareciam transmitir imagens de um passado distante e de um passado recente. Viu a vida como se fosse um filme, uma comédia romântica, um drama, um suspense. Adormeceu novamente e quando acordou, situou-se no presente e assim, repetiu três vezes lentamente “Bons tempos, bons tempos, bons tempos”, segurou as lágrimas e forçou um sorriso. Foi então que levantou, balançou os cabelos, estralou o pescoço, e seguiu. Seguiu em direção ao presente, ao futuro. Seguiu em direção a vida, em busca de futuras lembranças que aparecerão em dias tons de cinza.

Dias de inércia

Em dias como hoje nada acontece. O céu nublado, sem chance de chuva ou aparecimento do Sol, encobre qualquer possibilidade de ocorrer algo memorável. Não acontece nada compense o despertar, o caminhar pelas ruas com esperança de grandes movimentos. Dias assim são calmos, as pessoas fazem seus trajetos lentamente, como se não pensassem para onde vão, ligam o automático e esperam o dia acabar. As paisagens permanecem intactas, o maior movimento percebido é das folhas das arvores que caem lentamente no chão.  Os sentimentos permanecem congelados, são os mesmo do dia anterior, que serão os mesmos do dia seguinte, afinal, nada acontece para muda-los em um dia como hoje.
                É em um dia assim que vale parar para pensar o que está certo e errado na vida, deitar a cabeça no travesseiro e relembrar os últimos bons momentos. É valido pensar no amor, nos antigos e nos futuros, e concluir se acredita que se envolver valha a pena. É preciso perceber que a vida é curta demais para viver em dias assim, e é preciso reagir. Por isso, só hoje é permitido viver na inércia, e amanhã... Ah, amanhã é dia de sorrir e pular de novo, comemorando a vida e tudo de bom que aconteceu e está para acontecer. Amanhã é dia de brindar o otimismo. 

Eu vou indo... bem.


            Querido, estou aqui como sempre para te falar sobre mim, falar todas as coisas que você insiste em saber. Pois bem, por isso venho novamente contar que estou indo bem, sabe que não gosto de falar de vitórias, mas tudo vai se encaixando, eu acho. Sim, estou me cuidando, venho me medicando e fazendo de tudo para apagar aquela fase da minha vida, você precisa ver como estou saindo dessa, voltei a rir para tudo na vida, voltei a rir até sem razão. Sou praticamente aquela dos velhos tempos.
              A verdade é que não venho te escrevendo tanto, porque é só a tristeza me inspira, e como já te disse, a minha tristeza está desaparecendo. Mas te prometo, também vou aprender a escrever sobre alegria, sobre meu bem-estar, você merece saber que tudo está melhorando. Você merece tudo do que há de melhor, afinal, eu sei que não foi fácil me aguentar nos tempos mais difíceis, com todas aquelas lamentações sobre a vida, que para alguns não faziam menor sentido. Outra verdade, é que qualquer sofrimento alheio, parece fácil, até você passar pelo mesmo. Tudo bem, eu entendo, e já superei.
             Por hoje é só isso querido, mais uma vez te prometo que vou te escrever mais e torça por mim. Torça para que esse bem-estar continue, que eu continue vivendo como se o mundo fosse acabar, sem pensar demais, sem me arrepender. 

Veja bem, meu bem.


Como vai, meu bem? Faz dias que eu queria te dizer o que vem acontecendo comigo, tudo que eu tenho passado. Pois é, você que acompanhou todas minhas derrotas, toda minha tristeza e angústica, agora não consegue ouvir minhas vitórias. Eu sei que você está bem, sinto isso. E você sabe o quanto eu sinto os sentimentos alheios, não é mesmo? E espero que você sinta, na verdade, espero que você saiba que estou bem também, e agradeço por tudo o que você me fez quando eu não estava. Obrigada, meu bem.
Certos dias acordo e me lembro de todas as vezes que você me fez rir, enquanto eu  queria chorar. Foram tantas as vezes que você me mostrou um motivo para continuar, que nem com cem anos de favores, eu poderia retribuir. E sorrio ao lembrar de tudo isso, ao lembrar de você, ao lembrar de sua força.
Então, por favor, aceite meu agradecimento e retribuição eternas. Espero com todos meus sentimentos, que você nunca precise dessa força que você me deu, que você nunca passe pelo o que eu passei. Assim, eu te peço que hoje troquemos nossas alegrias atuais, nossas últimas vivências, últimos motivos de sorrir. Vem meu bem, hoje só vamos brindar a alegria e que hoje ela nos una. Apenas isso, meu bem.

Simplesmente respeite


Eles não sabem o que falam. Eles não sabem o que eu passei, nem o que eu passo. Eles não sabem tudo que estou tendo que enfrentar. Talvez saibam, mas nunca vão entender. Na realidade, não preciso que saibam nem entendam, só preciso que respeitem.
É verdade, as pessoas julgam sem saber. Sempre pensam que o aquilo que elas julgam certo, é o certo para todos. E não é assim, aprenda. Parece que é confuso, e é, mas respeite.
Hoje, digo apenas isso, espero que entendam. Mais uma vez eu digo, respeitem.

Em busca da cura


Esperança foi a palavra que a guiava naquele dia. Óculos escuros escondendo seus olhos avermelhados, os vidros escuros do carro erguidos não deixavam que ninguém a reconhecesse. Guiando o carro com pressa, ela precisava chegar em casa logo, para se esconder e processar tudo aqui que estava acontecendo. Ignorou sinais vermelhos, motocicletas que se atravessavam na rodovia. Só queria deitar em sua cama.
Chegou em casa com a sensação de que estava fora a dias, como quem viaja para um país distante por anos, mas só haviam algumas horas. Tirou as sapatilhas roxas que traziam a sujeira e, a esperança, daquele lugar que havia visitado, e correu para seu abrigo. Não podia ouvir aquelas palavras que haviam sido pronunciadas, doía demais. Chorou, foi amparada, e chorou novamente. Jurou que não deixaria escorrer mais lágrima alguma, pena que sabia que era impossível. Não resistiu e mais uma vez chorou. Recebeu todo apoio que precisava, aquele amparo que não havia chegado. Sossegou. Enxugou as lágrimas e recebeu apoio para seguir em frente. Seguiu. Resolveu aceitar tudo o que recusava para sua melhora.  Era difícil prever, mas a esperança é que ela melhoraria.
        Como já foi dito, esperança foi a palavra que a guiou naquele dia. Esperança de que em um futuro próximo, se liberte de todas aqueles textos e falas tristes, que a vida fique colorida -com todas as cores alegre que existem-  em um enorme clichê de comercial de margarina. Que a felicidade chegue. Que toda aquela luta terrível acabe. Que aquele lindo sonhe comece. Que tudo que há de mal, ao nosso redor, desapareça. Que tudo fique bem. Amém.





(Ao som do clichê motivacional "Tente outra vez - Raul Seixas", escrevi algo que não devia compartilhar, algo que publico sem saber o porquê. Afinal, talvez tenha deixado muito explícito algo que me incomoda em descobrirem. Desculpem, por essa observação sem sentido, já é tarde e não sei mais o que digo. Só queria mesmo dizer, não deveria ter publicado um texto tão pessoal, com título alto-explicativo, mas mesmo assim, o coloco aqui, sem saber o motivo. Me despeço com a dúvida se desejo que essa página seja lida ou não.)

Corra meu bem, corra!


Vamos lá meu bem, vamos ver o lado bom da vida. Vamos sair por aí sorrindo e cantando, admirando essa paisagem. Vamos lá esquecer dos problemas, fingir que estão todos solucionados, meu bem. Confie em mim, eu sei o que estou dizendo.
Seguir adiante é necessário, continuar no mesmo ponto é perda de tempo, querida. Corra! Já disse, confie em mim que vai dar tudo certo, não vou deixar que nada de mal te aconteça. Vou te proteger, eu juro. Afinal, pra quem que segurou nos braços, guiou teus primeiros passos, pode te ajudar a continuar com suas próprias pernas. Eu acredito nisso.
Por favor, só te peço que reaja, que tenha vontade de prosseguir. Não há razões para chorar, não há razão para desacreditar do mundo, querida. O mundo é grande, e persiste em movimento, por isso meu bem, só basta você querer caminhar. E eu sei que você quer e eu vou te ajudar a conseguir, eu já disse. Por isso, mais uma vez eu digo, levante daí e mostre quem é você, mostre que o mundo é seu, pequena, mostre que você consegue. 

Minhas desculpas (quase) sinceras


Hoje lembrei de você, e me perguntei porque você sumiu. Ri discretamente ao lembrar: Eu mandei você embora. Eu fiz de tudo para que você se afastasse, mas era para o seu bem, acredite. Oh, menino por onde você anda? Só quero saber se você está bem e nada mais.
                Sei que você não acreditou na clássica história de “o problema não é com você, é comigo” porque não era assim mesmo. Talvez até fosse. Não sei. Só sei que aquele seu excesso de preocupação me incomodava, aquele seu desespero por atenção. Eu tenho desespero por atenção, não consigo conviver outro alguém assim. Desculpa. Aquele seu jeito também me incomodava, as suas roupas, a sua voz não me atraiam em nada. Desculpa. Mas o que mais me incomodava em você era sua insegurança, sua carência. Eu já sou assim, preciso de um oposto que me dê segurança, me dê carinho como se isso não lhe faltasse. Desculpa menino, desculpa.
                Eu sei que te fiz sofrer, mas acredite, não era minha intenção. Nunca é. Te fiz sofrer para o seu bem. Admita: Foi mais fácil você me superar, quando começou a achar que eu não era o que você pensava, que eu era muito egoísta e insensível, não é mesmo? Admita. Eu sempre me preocupei com você. Admito que sempre me incomodei com você, também, mas não vem ao caso agora. O caso, menino é que não precisava de você e ainda não preciso. Acontece que não preciso de um menino, preciso de um homem. Ah, menino, um dia você vai entender a diferença. Quem sabe nesse tempo você já não entendeu?
                Mas menino, apareça qualquer dia, venha me contar como tem passado, o que tem feito da vida, como vão os novos amores. Só espero que não tenha ficado com vai raiva de mim, já te disse, não fiz por mal! Entenda, quero o seu bem. Já faz algum tempo, mas hoje lembrei, e depois de tudo isso espero que você não lembre, para o seu bem. Mas se lembrar, menino apareça em um dos seus favoritos dias frios, te ofereço uma xícara de café, coloco aquela música melodramática que você tanto gosta e podemos conversar. Te espero menino, se bem te conheço você deve ter anotado aí em algum cantinho meu endereço, aguardando essa chance. Essa é a hora...
... Pensando bem, esqueça tudo que eu falei, é melhor assim, espero que você esteja bem, mas continue aí longe, que eu continuo bem por aqui. Adeus.

Dificuldades, nada mais.


Difícil era a principal palavra. Era muito difícil. Difícil acreditar que tudo aquilo acontecia, como o mundo girava, como tudo mudava. A maior descoberta de amadurecimento rumo a felicidade, foi perceber que a vida é inconstante. Tudo muda quando se menos espera.
                Parece clichê, mas é preciso agir como se não houvesse mais tempo para nada, como se amanhã a vida tivesse uma enorme mudança e nada que está ali restasse. É clichê. Eu não faço isso, ela não faz isso, ele não faz isso, ninguém faz isso. Mas todos deveriam fazer.
                É difícil falar e lidar com isso, já avisei. Não há muito o que se dizer, cada um entenderá o que eu digo em algum momento. O fato é que todos sabem que é difícil. É muito difícil. 

Só não me peça para esperar


Batimento acelerado, unhas roídas, mãos tremulas segurando o lápis. Não era nada demais, era só ansiedade.  A ansiedade sempre a maltratou, tornava-se imprestável por qualquer motivo. Perdia noites de sono, seu bruxismo aumentava, ficava extremamente nervosa. Era difícil, parecia incurável, nem as sessões de terapia adiantavam. Perdia diversas oportunidades por causa da ansiedade. Perdia meia vida com ansiedade e o restante para recuperar-se das expectativas. Parece exagero,  porém é a realidade. A realidade da maldita espera.

Impasses vividos


Ela se via ali, parada na frente de um computador, esperando a vida passar. Não tinha companhia, não tinha para onde ir, só tinha vontade de mudar. Espera aí! Ela odeia mudanças. No passado, chamava o futuro com grande apreço, e agora que virou presente, só pede a volta ao passado. Mas espere mais um pouco! Ela tem medo de voltar ao passado, tem medo de nada ser como era antes, tem medo de ferir-se mais uma vez. Medo, essa é a palavra que a segue, jura que já tentou livrar-se, mas ele não a largar, persiste ali, bem ao seu lado.
Viaja em seus pensamentos, vai do passado ao futuro em poucos segundos. Lembra de tudo aqui que viveu, e gostaria de viver novamente. Imagina como seria o futuro de seus sonhos em outro lugar.
Cada dia ela encontra uma nova solução para sua vida, pena que nenhuma tem possibilidade de dar certo. Fica em um impasse: Escolher seguir em frente em busca de um novo futuro ou, voltar a trás e tentar reviver o passado buscando as mesmas sensações? Na dúvida, ela escolhe ficar ali, parada na frente daquele mesmo computador, esperando uma solução cair do céu para que ela possa, enfim ser feliz.


(in 20/08/2011)

O inverso de um sorriso

Ela jurava que tentava sorrir. O problema eram os músculos de sua face, que não permitiam qualquer expressão de alegria, insistindo em permanecer intactos, sem movimento algum. A verdade é que eles não aguentavam mais fingir. Queriam demonstrar o estado de espírito do seu coração. Mas era difícil, queria demonstrar que estava bem. Sei lá, se auto-enganar. Enganar a todos com um sorriso, que não deixava a tristeza ficar evidente.
E sempre dava certo, todos acreditavam. Mas acreditem: Sorrir nem sempre é sinônimo de alegria, assim como, chorar nem sempre é sinônimo de tristeza. Tudo depende de dia, depende da situação, depende do estado.  Mas sempre tenha em mente: Não se deixe levar pelas expressões faciais de alguém. Olhe com calma e coração aberto, observando a alma. Observando as verdades.

Eu confesso


Sabe como é não querer estar com quem está perto de você? Aquela vontade de sair correndo pra encontrar felicidade longe dali. O vazio no peito só indica a solidão, solidão por minha própria culpa, e é minha culpa por causa dessa desconfiança, dessa insegurança, essa minha mania de querer achar a perfeição.
Não sei consertar esses erros, só sei que caminho sem direção, buscando todas as respostas para as incógnitas que persistem em aparecer na minha vida.
É estranho como coisas tão simples parecem tão complexas para mim, e o que eu sempre me pergunto é se essas coisas são realmente mais complicadas para mim, ou sou eu que as dificulto.
Vivo na realidade ilusória em que a exterioridade parece mais digna do que o interior. Tento me apegar nas essências, mas são as embalagens que me atraem muito mais, e são essas embalagens que me trazem problemas, me desorientando e sem coragem. E por causa de embalagens melhores que a minha que eu me conforme com a ausência da essência da melhor embalagem. 

in 20/04/2010

A história dos pontos

Resolveu escrever. Havia tempo que não escrevia. Nem saberia mais, como começar. Mas precisava escrever. Precisava sentir aquele alívio de transpor em palavras tudo o que sentia, tudo o que vivia. Pegou o lápis, a velha agenda, como costumava fazer nos velhos tempos. Não adiantou. Escreveu dois ou três versos prontos, e nada mais. Pegou o celular. Era engraçado, nunca havia conseguido escrever nada demais ali. Mas foi com aquele aparelho que sua imaginação começou a fluir. Decidiu que seria ali, naquele bloco de notas que colocaria seus sentimentos, suas idéias, sua vida... E olha só essas reticências. Ela adorava reticências. E se odiava por gostar tanto daqueles três pontos, que indicavam o tanto que ela adiava tudo. Tudo mesmo. Certo dia disse que somente usaria pontos finais e exclamações. Só mostraria que estava decidida e muito decidida. Decidida com entusiasmo. Não deu muito certo. Vez ou outra deixava escapar aqueles malditos três pontinhos, era como os costumava chamar. Deixava escapar aquela insegurança, aquele medo do ponto final. Outro dia decidiu que queria aparentar tamanha confiança que só usaria vários pontos de exclamação de uma só vez !!! Assim, desse mesmo jeito. Era tudo muito intenso, muito decidido. Mas a verdade é que a vida dela era guiada por eternos pontos de interrogação. Era como se tudo que ela pensasse viesse com uma carga de "?????". Isso a desesperava, mais do que tudo: A dúvida. Nada machuca mais do que a dúvida, a incerteza do amanhã. 
E assim permaneceu até encontrar o equilíbrio. Até conseguir demonstrar tudo o que sentia, com os pontos certos. Ora reticências, ora ponto final, e lá de vez em quando exclamações, várias exclamações. Descobriu então, que os pontos muito tinham a ver com o que ela era, com o que ela é. Com o que ela queria e o que não queria passar. Começou a usar os pontos ao seu favor. À favor de sua escrita, a favor de sua história.

Ela, talvez, sou eu


  

Uma das minhas maiores dificuldades é me expressar na 1ª pessoa do singular, assim como estou fazendo agora. Já criei várias hipóteses sobre esse meu “problema”, mas a que mais me convence é: Acho muito mais fácil cuidar e ajudar os outros do que a mim mesma. Acho difícil cuidar de mim. Gosto de cuidar do mundo, gosto que o mundo cuide de mim, mas não sei me cuidar. É realmente esse é o problema. Escrevo na 3ª pessoa do singular para sentir que estou sendo cuidada, ao ler, sentir que alguém me entende. É como se fosse outra pessoa escrevesse,  e eu somente lesse e concordasse e ao final exclamasse “Nossa, mas você sabe o que está falando, você me entende!”. E então me preencho de conforto, me preencho de atenção. 

  Ainda, há outra tese que me faz sentido, porém não tão bonita como a primeira. A verdade é que enquanto escrevo desejo que os problemas descritos não sejam meus. Assim, vejo a situação de fora, descrevo aqueles sentimentos, aquelas angústias, como se não fossem minhas. Só observo. Escrevo como se estivesse contando uma história de alguém qualquer, sem deixar pistas que aquela é minha história. Isso me alivia, me faz descarregar tudo que me atormenta, por meio de palavras. Palavras que me condenam.

  Por isso, não me julgue por me tratar sempre como “ela”. Muitas vezes eu sou “ela”, mas nm sempre. Sei que você não irá entender agora, quem sabe um dia. Quem sabe um dia perceba que isso faz sentido, e comece assim como eu, a sair de si quando escreve. Saia de si enquanto conta a sua vida.

Blogger Templates by Blog Forum