Escala de cinza
quinta-feira, 26 de abril de 2012 by Jéssica Vasconcelos
Acordou
cedo mesmo sem obrigação, era raro, abriu a janela e viu aquele céu nostálgico,
cinza e chuvoso, completamente sem vida. Obviamente que em um dia desses, ela
iria lembrar-se de um certo sorriso, de certas conversas, de alguns abraços. É
obvio que ela alternaria lembranças entre risadas e choro. É obvio que ela
pensaria em reviver alguns momentos ou desejar que eles ainda fizessem parte de
seu presente. Ela era assim. Ela odiava ser assim, mas não conseguia mudar.
Deitou
novamente e olhou para aquelas paredes brancas, que pareciam transmitir imagens
de um passado distante e de um passado recente. Viu a vida como se fosse um
filme, uma comédia romântica, um drama, um suspense. Adormeceu novamente e
quando acordou, situou-se no presente e assim, repetiu três vezes lentamente “Bons
tempos, bons tempos, bons tempos”, segurou as lágrimas e forçou um sorriso. Foi
então que levantou, balançou os cabelos, estralou o pescoço, e seguiu. Seguiu
em direção ao presente, ao futuro. Seguiu em direção a vida, em busca de
futuras lembranças que aparecerão em dias tons de cinza.