domingo, 22 de julho de 2012
by Jéssica Vasconcelos
Hoje,
vagando pela internet, lembrei de uma menina que fez parte da minha infância,
menina alegre e bonita, considerada por unanimidade entre os meninos da 4ª
série como a mais linda da escola. Muito tempo fiquei sem ter notícias dessa
menina, quando por meio de cliques na época do orkut e amigos em comum,
descubro que essa menina sofreu um acidente, que está entre a vida e a morte.
Fiquei chocada com a notícia, e mais chocada ainda com minha situação, esse meu
jeito de tomar a dor do mundo me pedia para ir vê-la, mas a timidez por ser
aquela que estudou com a menina há anos atrás e que podia não ser lembrada não
permitiu. Passei muito tempo preocupada com ela, perguntando ao nosso amigo em
comum como ela estava. E ela estava lá, em uma cama de hospital que ocultava
toda aquela sua beleza e alegria. Quem diria.
Passaram-se
quase dois anos, e hoje nessa tarde de domingo, me veio a enorme preocupação de saber como ela estava. Procurei e encontrei o perfil dela na rede
social, e me veio um enorme conforto em saber que ela já havia saído daquele
hospital horrível, já estava retornando ao colégio, que está viva. Em
compensação, me veio um choque enorme ao ver aquela menina tão diferente nas
fotos, com certas sequelas aparentes, aparentando tentar sem quem era antes,
mas sem conseguir. Meu coração fez um nó. Fechei a página dela, não fiz contato
algum, uma pessoa em recuperação não precisa de uma ex-colega chata querendo
puxar assunto, não é mesmo? Mas soube de tudo o que eu queria. Sou que ela
estava viva.
Ela
provavelmente nem se lembrará de mim, não saberá que me lembrei dela, e muito
menos lerá esse texto, mas essa história dela marcou demais pra mim, e me fez
questionar muitos fatos sobre a vida. Imagine só, alguns segundos que causaram
um acidente, transformou a vida dela, a vida de todos que a cercam. Sim, um
segundo é muito tempo, esse piscar de olhos pode transformar vidas. Por isso eu
digo que não adianta pensar tanto no futuro, viver pensando em como viver mais, sendo que um segundo pode transformar tudo isso. É óbvio, devemos ter certos planos,
afinal temos que guiar a vida como se a morte não existisse, e se morrer,
deixar aqui a missão de dever cumprido. E particularmente para mim, essa missão
é cada sorriso que eu conquistei, cada lembrança que ficará na memória de quem
passou por mim, cada ato digno de orgulho, cada dor de barriga de tanto rir que
tive, cada história épica que parece até mentira para quem não viveu. Enfim,
cada segundo de alegria vale esse segundo que a vida pode acabar.
E
assim, encerro esse texto talvez sem nexo, talvez ridículo para quem leia, mas
de grande sentimento de minha parte. Esse texto que não foi escrito com preocupações gramaticais, que foi escrito em um só suspiro, assim, em alguns segundos.